Nas últimas décadas, as discussões sobre a inclusão LGBT+ nas empresas têm avançado globalmente. Isso faz sentido em um contexto em que a diversidade é cada vez mais celebrada e, principalmente, necessária nos ambientes de trabalho.
Medidas de inclusão são especialmente importantes para a construção e manutenção da imagem do empregador (employer branding), além de afetar os resultados do dia a dia. Um time com mais diversidade pode ser mais produtivo, apresentar menos rotatividade e ter menos fricção, de modo geral.
Para ter ambientes mais inclusivos e diversos, o papel do RH é fundamental. Somente com a atuação estratégica e direcionada do setor é possível identificar pontos de atenção e agir sobre eles com eficiência.
A seguir, veja como promover a inclusão de pessoas LGBT+ no ambiente de trabalho e supere as dificuldades nesse sentido!
Quais são os principais desafios e barreiras para esses profissionais?
A discussão sobre a inclusão de pessoas LGBT+ no ambiente de trabalho é especialmente importante porque essas pessoas podem enfrentar diversos desafios. Assim, cabe às companhias agirem para ajudar a reduzir ou eliminar essas barreiras.
Entre os principais problemas estão as condutas discriminatórias ou preconceituosas. Pessoas LGBT+ podem ter a capacidade profissional questionada apenas pela sexualidade expressa, bem como podem ser isolados de oportunidades — ainda que não de maneira explícita.
Em muitos casos, também pode ocorrer um isolamento e a falta de criação de relacionamentos entre pares e até com as lideranças. Isso ocorre, em especial, quando o profissional não se sente seguro no ambiente de trabalho.
Essas questões se traduzem em números. Em média, 28% das pessoas LGBT+ já sofreram assédio no trabalho, contra 18% dos profissionais que não integram esse grupo. Além disso, 65% dos profissionais LGBT+ já sofreram dfiscriminação no local de trabalho.
De acordo com a Stonewall, 20% das pessoas LGBT+ já foram alvo de comentários negativos no trabalho apenas pela sexualidade ou identidade de gênero. Além disso, mais de 33% das pessoas LGBT+ acreditam que precisam se esconder no trabalho. Já 20% acreditam que ser abertamente LGBT+ limita as oportunidades de carreira.
Questões como essas contribuem para o fato de quase metade dos profissionais brasileiros LGBT+ não assumirem sua identidade plenamente no ambiente de trabalho.
A falta de representatividade é outro problema que exige atenção. Na prática, apenas 8% das lideranças são abertamente LGBT+. Esses dados foram obtidos pela pesquisa de Diversidade e Inclusão (D&I) do Great Place To Work Brasil.
Como fazer a inclusão de pessoas LGBT+ no ambiente de trabalho?
Atuar diretamente para incluir profissionais LGBT+ na empresa é importante para estar entre as melhores empresas para se trabalhar. Afinal, somente dessa forma é possível garantir que as pessoas possam ser elas mesmas no ambiente de trabalho, evitando vieses e comportamentos discriminatórios.
Além disso, implementar as medidas adequadas pode fazer com que a companhia tenha um retorno mais interessante. Em 2019, o retorno do Índice S&P 500, que contempla as 500 maiores empresas dos EUA, foi de 7,8%.
Porém, considerando o índice LGPTQ100, da Bolsa de Valores de Nova York, a performance positiva foi de 12%. Como esses dados são de antes da pandemia de Covid-19, eles oferecem uma visão mais clara sobre o impacto da diversidade nas empresas.
Ainda, vale considerar as diferenças entre as empresas que são consideradas as melhores para se trabalhar pelo ranking do GPTW e as que ficam de fora. Na prática, há o dobro de pessoas LGBT+ nas empresas premiadas, em relação àquelas que não são premiadas.
Porém, só é possível explorar esses aspectos positivos se as medidas necessárias forem implementadas corretamente. Por conta disso, veja quais são as medidas para considerar!
Políticas de inclusão
O primeiro passo é desenvolver políticas de inclusão e não-discriminação, que devem ser amplas e claras. Mais que desenvolver ações pontuais, é preciso que essas políticas sejam incorporadas à cultura da empresa, garantindo que ela permeie todo o ambiente.
Também é preciso se dedicar a conhecer bem o público interno, considerando suas necessidades e desafios específicos que enfrentam. Ainda, é essencial focar em iniciativas que façam sentido para o negócio, garantindo mais efetividade.
Outra política importante nesse sentido é ter um canal de denúncias ou reclamações para questões relacionadas à comunidade LGBT+. Esse deve ser um canal seguro, onde os profissionais podem relatar práticas como discriminação, assédio ou preconceito relacionados à erientação sexual ou identidade de gênero.
É essencial que os colaboradores saibam que podem contar com o apoio da empresa em situações com elas. Logo, também é preciso prever condutas como criar protocolos para receber e tratar as denúncias corretamente.
Empresas que se destacam
Uma dica é se inspirar em empresas bem-sucedidas com a questão da diversidade, em especial para o público LGBT+. Nesse sentido, vale observar o ranking do GPTW com as melhores empresas para profissionais LGBT trabalharem em 2022.
A Ernst & Young Assessoria Empresarial é uma multinacional que ocupou o topo do ranking, em grande medida por suas políticas de apoio ao público LGBT+. A empresa adota modelos que incluem a avaliação de prioridades de ação, começando por medidas adotadas internamente.
Como opera em países com leis que coíbem a diversidade sexual e sua expressão, a empresa também foca em criar um ambiente seguro para seus funcionários. A última parte é igualmente importante e envolve a ação da empresa em busca de mudanças externas significativas e que apoiem a população LGBT+.
A Accenture, que ficou em segundo lugar, também tem um grupo de práticas voltadas à promoção da equidade para o público LGBT+. A empresa conta, por exemplo, com a chamada Rede do Orgulho, de alcance global. A liderança tem um papel visível e essencial nesse sentido.
Ela também atua com parceiros para cumprir as Normas LGBTI da Organização das Nações Unidas (ONU).
Recrutamento inclusivo
Outro ponto importante da inclusão LGBT+ tem a ver com o processo de recrutamento e seleção, que precisa ser planejado e executado com essa questão em mente. É o caso, por exemplo, de destacar o compromisso com a equidade sexual já nas vagas apresentadas.
Também é interessante pensar em aspectos que ajudem a diminuir os chamados vieses inconscientes. Como eles podem afetar mais intensamente profissionais LGBT+ e de outros grupos de diversidade, vale pensar em um processo com diversos participantes e seus pontos de vista.
Programas de sensibilização
Para que todas as políticas de inclusão LGBT+ no trabalho funcionem, é essencial que as pessoas conheçam a importância do tema e das medidas adotadas. Por isso, mais que um treinamento é preciso focar em programas de sensibilização.
A ideia não é apenas treinar as pessoas sobre linguagem inclusiva ou boas práticas. Na verdade, a intenção é sensibilizar a todos sobre as questões desse público, como os desafios, os medos e as experiências. Logo, programas educativos desse modo também servem para gerar mais empatia.
Uma opção é incentivar que as pessoas abertamente LGBT+ do ambiente de trabalho compartilhem suas histórias, conforme se sentirem confortáveis. Essa é uma forma de empoderar esse público no ambiente de trabalho, ao mesmo tempo em que fortalece a conexão com os demais profissionais.
Outra possibilidade é incentivar o apoio a ONGs e projetos voltados ao público LGBT+, por exemplo. Como as pessoas estarão diretamente envolvidas com ações variadas nesse sentido, é possível aumentar o grau de entendimento.
Apoio à saúde mental e bem-estar
Em comparação ao restante da população, o desenvolvimento de quadros como depressão e ansiedade entre LGBTs+ é 150% mais provável. Isso decorre de diversos fatores, como os desafios profissionais apontados e questões de ordem pessoal, como rejeição por parte da família e outros preconceitos.
Por conta disso, uma política de inclusão LGBT+ no trabalho tem que considerar o apoio à saúde mental e ao bem-estar desse público. Para tanto, é possível utilizar recursos específicos e que sejam voltados para as questões dessas pessoas.
Criar grupos de apoio e de conversa para que participantes LGBT compartilhem seus desafios ou mesmo se conectem de forma positiva é uma possibilidade. Ao favorecer o estreitamento de laços no ambiente de trabalho, a tendência é que os profissionais se sintam mais acolhidos e tenham menos desafios sobre a saúde mental.
Empoderamento profissional
Quase 60% dos profissionais LGBT+ acreditam que sua expressão de gênero e sexualidade atrasou seu desenvolvimento profissional. Ou seja, a maior parte das pessoas LGBT+ sentem que ser quem verdadeiramente são foi ou ainda é prejudicial para o crescimento profissional.
É por isso que, entre as medidas adotadas pela empresa, é essencial focar no empoderamento profissional. Isso pode ser feito ao estimular a presença de profissionais LGBT+ em todos os níveis do negócio, incluindo em posições de liderança e mais elevadas.
Também é possível oferecer benefícios adicionais para o desenvolvimento de carreira. O estímulo à realização de cursos e capacitações é um exemplo que deve ser considerado para estimular esse desenvolvimento.
Ainda, vale pensar em programas de mentoria. Unir profissionais LGBT+ a mentores que também façam parte da comunidade ou que sejam aliados é uma forma de ajudar no crescimento profissional desse público.
Você pode gostar de ler também 👇
Conclusão
Neste artigo, você conferiu que a inclusão de pessoas LGBT+ ainda é um desafio para muitas empresas, mas que é possível superá-los. Com o apoio de políticas bem planejadas e executadas corretamente, há como garantir mais equidade no ambiente de trabalho — favorecendo as pessoas e o negócio.
Precisa de ajuda para iniciar ou aprimorar esse processo de inclusão? Entre em contato com a nossa consultoria especializada em D&I!
Σχόλια