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Volta ao trabalho presencial: desafios e impactos do retorno ao escritório

Depois da pandemia de Covid-19, quando o trabalho remoto se tornou a regra, o retorno ao escritório faz cada vez mais parte da realidade das empresas. Segundo o Relatório de Tendências de Gestão de Pessoas 2025, o trabalho presencial ganhou força em 2024 e agora é o modelo adotado por 51% das empresas participantes na pesquisa. Já o híbrido responde por 41% e o remoto, por 9%.

Ao mesmo tempo, vale saber que essa mudança não foi abrupta. Desde 2023 o modelo presencial voltou a superar o híbrido — que, agora, passa a ter mais dias presenciais. Entre as empresas que mudaram o formato de trabalho em 2024, 25% mantiveram o híbrido, mas aumentaram os dias no escritório e 21% passaram do remoto para o híbrido.

Esse movimento também acompanha as mudanças anunciadas por grandes empresas. A Amazon, por exemplo, já tinha exigido que os funcionários fossem ao escritório 3 vezes por semana, em 2023. Para o começo de 2025, o CEO Andy Jassy anunciou o retorno da semana com 5 dias no escritório.

Mas quais são os impactos e os desafios de uma mudança como essa? A seguir, descubra mais sobre a tendência de retorno ao escritório e o que esperar!

Por que as empresas estão incentivando o trabalho presencial?

Após a popularização dos regimes de trabalho remoto e híbrido, vemos um movimento focado no retorno ao escritório. Para muitas empresas, essa decisão é embasada em motivos que envolvem desde a cultura organizacional até a produtividade.

Um dos principais argumentos a favor do trabalho presencial envolve o fortalecimento da cultura organizacional e do engajamento. A ideia é que a proximidade diária favorece a cultura corporativa e até mesmo aumenta o senso de pertencimento.

Outro argumento envolve o estímulo à colaboração e à inovação. As interações informais no escritório e a troca de ideias podem favorecer a criatividade e fomentar o surgimento de novas ideias.

Ainda, o retorno ao escritório muitas vezes está ligado ao aumento da produtividade. Muitas vezes, esse argumento é embasado pela facilidade de supervisão, o que ajudaria a reduzir eventuais distrações e a manter o ritmo de trabalho.

O outro lado desse retorno

Ao mesmo tempo, é preciso avaliar com atenção esses argumentos. Por exemplo: a cultura de um negócio vai além do espaço físico. Elementos como comunicação, transparência e valores bem definidos e reforçados ajudam a criar uma cultura forte e que realmente faz parte do dia a dia.

Já em relação à colaboração, ela também pode ser estimulada em times com regimes variados de trabalho. As ferramentas certas de comunicação e uma boa estratégia permite que as pessoas troquem experiências e ideias mesmo a distância.

Quanto à produtividade, vale saber que times híbridos ou totalmente remotos podem ser tanto ou mais produtivos que equipes presenciais. Se a autonomia e a autorresponsabilidade fizerem parte dos valores da companhia, os resultados podem ser positivos.

O fato é que o retorno ao trabalho presencial pode ser positivo em cenários diversos, mas não exclui a necessidade de pensar em como criar um ambiente de trabalho saudável e produtivo — e isso não depende apenas do local de atuação dos colaboradores.

Desafios do retorno ao escritório

O movimento de retomada para o trabalho presencial precisa ser avaliado com atenção e diligência, especialmente porque ele pode gerar desafios para as pessoas e para as empresas. Ao entender quais podem ser esses obstáculos, é mais fácil se preparar para superá-los.

Na sequência, descubra quais são os maiores desafios do retorno ao escritório!

Para as pessoas

Do ponto de vista dos profissionais, a volta para o trabalho presencial tem como um dos principais desafios as horas gastas no trânsito. Enquanto o trabalho remoto permite fugir de situações como engarrafamento ou transporte público lotado, o retorno ao escritório gera preocupações com esses pontos.

O principal obstáculo nesse sentido envolve o tempo perdido com deslocamento, fazendo com que minutos ou horas deixem de ser mais bem aproveitados em outras atividades. Esse é um cenário que impacta o tempo disponível fora do trabalho e que pode afetar a qualidade de vida.

Outro aspecto com esse retorno tem a ver com a perda de flexibilidade, o que afeta especialmente pais e mães. Com o home office, muitas pessoas conseguiam adaptar suas agendas às necessidades familiares, melhorando o equilíbrio entre os compromissos.

No caso de quem precisa cuidar dos filhos, o retorno ao escritório costuma trazer uma camada extra de atenção. Além de sobrar menos tempo disponível para estar em família, é comum ter que reorganizar compromissos e fazer ajustes para dar conta de todas as demandas.

Ainda, devemos considerar os impactos na qualidade de vida em geral, especialmente por causa do equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Se o regime de trabalho faz a pessoa colaboradora ter menos tempo disponível e menos flexibilidade para manejar a própria agenda, os efeitos podem ser sentidos na saúde física e na saúde mental.

Para as empresas

Também vale notar que os desafios do retorno ao escritório não se limitam aos profissionais. As empresas também precisam lidar com diversos obstáculos — os quais, inclusive, podem afetar os resultados do negócio.

Um dos maiores desafios é justamente a resistência dos colaboradores para voltar ao trabalho presencial. Se as pessoas estiverem adaptadas à flexibilidade e à autonomia do trabalho remoto, é provável que elas questionem a necessidade de retorno físico. 

Dependendo do caso, esse grau de resistência pode gerar desmotivação, impactar a moral da equipe e até mesmo aumentar a taxa de rotatividade. Afinal, a insatisfação com o retorno ao presencial é capaz de gerar pedidos de desligamento acima da média.

Por falar nessa questão, pode ocorrer uma dificuldade para atrair talentos. Com um mercado mais competitivo e que se preocupa com a employee experience (ou experiência do colaborador), as empresas que oferecem mais flexibilidade podem ter a preferência dos melhores profissionais. Como consequência, o retorno ao escritório pode afastar diversos perfis de talentos.

Inclusive, segundo a edição de 2025 do nosso Relatório de Tendências, quanto menos flexível é o modelo de trabalho, maior a dificuldade para preencher vagas em aberto.

Cerca de 70% das empresas que adotaram um regime de trabalho presencial afirmaram ter dificuldade para preencher vagas em aberto, contra 53% das que operam no modelo híbrido e 38% das que estão no remoto.


Ainda, é preciso considerar os desafios quanto à infraestrutura no ambiente de trabalho. A política de retorno aos escritórios da Amazon, por exemplo, sofreu adiamentos em vários locais devido à falta de capacidade dos escritórios para receber todos os colaboradores simultaneamente.

No geral, a dificuldade em oferecer espaços adequados, confortáveis e ergonômicos para todos e que ainda considere as necessidades de integração e colaboração pode impactar negativamente a experiência dos colaboradores. Como consequência, o time pode ficar frustrado e a eficiência operacional, comprometida.

O papel do RH nesse cenário de mudanças

Em um contexto de mudanças e obstáculos como esse, o setor de Recursos Humanos tem um papel central. Mais que apenas organizar o retorno ao presencial, o RH tem que agir como um facilitador do diálogo entre as pessoas e o negócio.

Uma das formas de fazer isso é pela construção e consolidação de uma cultura de feedback. Buscar retorno periodicamente é uma forma de identificar com rapidez as áreas de melhoria, considerando as opiniões e necessidades dos profissionais. A partir disso, a empresa pode tomar decisões para, entre outros efeitos, fortalecer a relação entre lideranças e os times.

O RH pode recorrer a diferentes ferramentas para coletar os feedbacks, como as pesquisas de clima organizacional. A ideia é captar as percepções genuínas das pessoas sobre as mudanças implementadas e usá-las para desenvolver estratégias mais eficientes.

Esse tipo de pesquisa também ajuda a medir os impactos do retorno ao escritório. Com essas informações, o próprio time de RH pode desenvolver e aplicar estratégias para mitigar os efeitos negativos.

De modo geral, o setor de RH tem um papel ainda mais relevante, já que ele deve ajudar a identificar e adotar soluções que equilibrem as necessidades da empresa e as expectativas das pessoas. Na prática, uma atuação adequada contribui com a motivação e o bem-estar dos colaboradores, além de fortalecer a cultura organizacional.

A flexibilidade veio para ficar

A flexibilidade no trabalho deixou de ser uma tendência e se tornou uma necessidade. Com as mudanças dos últimos anos, as pessoas estão mais interessadas em equilibrar vida pessoal e profissional com ajuda da autonomia.

No entanto, mais que adotar um modelo de trabalho específico, é essencial escutar os colaboradores para entender quais são suas necessidades e expectativas. É a partir desse tipo de informação que se torna possível ajudar as práticas para atender melhor os profissionais e criar um ambiente de trabalho saudável.

O fato é que impor um só modelo se torna menos produtivo do que parece. Enquanto muitas pessoas preferem a autonomia do home office, outros podem se dar melhor no híbrido, aproveitando o escritório para evitar distrações.

E além do modelo de trabalho, há diversas formas de oferecer flexibilidade: jornadas reduzidas ou adaptáveis, benefícios que podem ser customizados e mais. Por isso, o ideal é que a empresa esteja disposta a ouvir e se adaptar para oferecer as soluções ideais para suas equipes.

Como você conferiu, a tendência de retorno ao escritório se fortaleceu em 2024, com o presencial sendo o principal modelo adotado por empresas de diversos setores. Ao fazer uma mudança desse tipo, entretanto, é fundamental avaliar os impactos e ouvir o que os colaboradores têm a dizer para ser capaz de oferecer flexibilidade de verdade.

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